terça-feira, 3 de novembro de 2009

Participação Social é a Saída.

No ano passado o Brasil descobriu que a violência juvenil não é um fenômeno apenas inglês e norte-americano. Foram diversos casos divulgados em que jovens, quase sempre oriundos de famílias de razoável poder aquisitivo, assassinavam parentes muito próximos. Coincidentemente, em 2002, a Editora Autêntica/Gutemberg publicou um excelente livro,"Gritos no Vazio”, onde era relatada a trajetória de Mary Bell, uma menina inglesa que aos 11 anos de idade assassinou duas crianças. O livro procura analisar o imaginário de uma criança e suas motivações para agir de maneira tão brutal. A leitura é comovente e gera grande indignação. Mary sofria abusos sexuais desde a tenra idade,sendo utilizada como “prêmio” pelos clientes de sua mãe, uma decadente e perturbada prostituta. A leitura deste relato é um mergulho no tortuoso processo de formação de uma criança desnorteada, onde o sofrimento agudo, ainda mais confuso por ser promovido por um ente familiar querido, chega a anestesiar os sentimentos de piedade e compaixão de Mary. A autora, Gitta Sereny, revela que crianças submetidas a situações de violência e tensão permanentes desenvolvem, não raramente, atitudes de extrema violência contra animais e pessoas, sem associar a pessoa ao sofrimento que causa. Uma espécie de “desumanização do sentimento”. Por aí, Sereny promove uma profunda crítica ao sistema judicial inglês, aos professores primários e assistentes sociais que não possuem qualificação necessária ou mesmo sensibilidade para cuidar de crianças que vivem sérias dificuldades. A sociedade, segundo a autora, não consegue lidar com fracasso no cuidado com suas crianças, assim como as tragédias resultantes.O problema do cuidado com a formação moral de nossas crianças e jovens parece bater em nossas portas provocando, a cada dia, mais barulho e temor. É necessário aprofundarmos urgentemente este tema, pesquisar causas e soluções em andamento.Uma recente pesquisa, desenvolvida pela psicóloga Maria Delfina Farias, da Universidade Federal de São Paulo e do tribunal de Justiça de Santos (SP), revela como causa da delinqüência juvenil a falta de interação familiar e escolar. Em sua pesquisa não aparece como influência relevante no comportamento de jovens a renda familiar. Em sua pesquisa, Farias constatou que a maior parte de jovens infratores era oriunda de famílias monoparentais (onde apenas um dos pais convive com os filhos). O chefe de família informa a pesquisadora, sente-se sobrecarregado nas tarefas de administração do lar. Outro fator, considerado de risco, é a defasagem escolar. Problemas psicológicos afetam entre 10% e 20% dos jovens infratores. As causas principais são, portanto, sociais, vinculadas ao sofrimento de abandono familiar. Podemos associar a este sentimento de abandono familiar o uso abusivo de álcool entre jovens. Pesquisa realizada pela UNESCO em 2002, envolvendo 50 mil jovens brasileiros, constatou que 65% dos estudantes de escolas particulares, entre 15 e 18 anos, ingerem álcool com freqüência, sendo que 9% destes bebem mais de 20 vezes por mês. O primeiro gole, nesses casos ocorre aos 10 anos de idade (na década passada, o primeiro gole ocorria aos 14 anos).Não há como fugirmos da constatação de um relevante “abandono social” de grande parte de nossas crianças e jovens. Estamos, enfim, nos descuidando da sua formação moral, de sua socialização.



O texto elaborado por Rudá Ricci, Sociólogo, Doutor em Ciências Sociais, Professor da PUC (MG) e Escola Superior Dom Hélder Câmara, e está disponível na Internet para leitura.


Com base neste texto estou, juntamente com a Juventude do PT Juazeiro, concluindo o projeto de criação do Orçamento Participativo Jovem(OPJ), que estará em breve nas mãos do prefeito Dr. Santana. Jovens juazeirenses, esse projeto se aprovado, deverá trazer benefícios monumentais para a vida de muitos, que tem uma trajetória semelhante a de Mary Bell.

A realização OP Jovem em Juazeiro, assim como em outras cidades, (Recife, Guarulhos, Icapuí-CE) que tiveram a oportunidade de participar deste projeto, deverá ser um grande sucesso entre os participantes, é super interessante, projetar algo que você mesmo será o beneficiado e as chances de execução são maiores, dependendo de cada projeto, ainda mais para os que tem a índole de defesa aos menos favorecidos e personalidade política.
Sabendo assim que não será possível realizar tudo o que será projetado, mas apenas o que for projetado será realizado. Boa Sorte a todos nós!
Thiago Aguiar

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