Por: Thiago Aguiar.
No inicio era uma parada sobre sombras de um pé de Juazeiro, linha de caminhoneiroos que ainda seguiriam a cidade do Crato, bem na encruzilhada de rotas comerciais sertanejas entre Ceará, Piauí, Paraíba e Pernambuco. Para completar o roteiro, Taboleiro grande era à beira da Chapada do Araripe.
E tinha uma capelinha, onde costumava rezar missa um novo padre baixinho, de intensos olhos azuis e desde novo com esta postura meio de lado, a cabeça descaída de leve sobre o ombro esquerdo.Cícero Romão Batista o profeta em sua própria terra.E a partir das gentes que cada vez mais se chegavam por ali, vindas de todos os cantos, a partir do final do século 19, atraídas pela mística do Padre Ciço, nasceu Juazeiro do Norte, o município mais populoso do interior do Ceará e o melhor ponto de partida para se conhecer o Cariri, a região sul do estado.
Paisagem de encher os olhos para qualquer visitante, o Cariri compartilha a primeira floresta nacional do Brasil, a do Araripe, instituída por decreto em 1946.O Ibama local faz um trabalho de conscientização com a comunidade do entorno, que se beneficia dos produtos naturais deste bioma de transição entre caatinga, floresta úmida e cerrado, um tesouro que ocupa 38.262 hectares. Mas para o visitante interessado na cultura popular, as riquezas do Cariri podem ser ainda maiores.
Em épocsa de romarias, a cidade de Juazeiro do Norte se transforma. Um mar de gente se move pelas ruas convulsionadas e estreitas, de São Pedro a São Paulo, Santa Luzia, da Glória, da Conceição, e de Todos os Santos, a praça Padre Cícero, a igreja do Socorro, a matriz de Nossa Senhora das Dores.
Na pedra do Horto, o ponto mais alto da cidade, mulheres e homens sobem a escadaria e rodeiam a estátua branca do Padre Cícero, a batina de cal marcada pelos nomes dos visitantes, pelos pedidos e pelos agradecimentos às graças alcançadas, expressados em fitas amarradas na grade que cerca o monumento. E são tantas que o vento, ao passar por elas, cria uma estranha música que ora lembra a chuva caindo.
Daqui de cima se vê o emaranhado urbano que não tem mais para onde crescer, mas que mesmo assim se alonga emvárias recentes construções, altos edifícios, condomínios fechados e novos subúr-bios que logo mais vão se emendando ao Crato, divididos praticamente por uma gigante plantação de cana. Quando a tarde cai e a temperatura esfria, uma teia elétrica desenha o contorno das duas cidades, e o Luzeiro do Sertão "alumia" o deserto que ao seu redor prevalece. O Horto fica a seis quilômetros do centro da cidade, em estrada asfaltada ou em pedra tosca que cruz o proprio bairro do "Horto" que tem em sua maioria moradores de todo Brasil. Mesmo fora das temporadas – nas romarias da padroeira, Nossa Senhora das Dores, ou nas de Nossa Senhora das Candeias, de Todos os Santos, de Finados, no aniversário do Padre Cícero e também na data de sua morte –> Juazeiro recebe mais de 2 milhões de visitantes.
Há acomodações para todos os bolsos, simples ranchos para os que chegam nos caminhões pau-de-arara, hotéis confortáveis no centro e os luxuosos hoteis e pousadas nas encostas mais distantes no bairro da Lagoa Seca.
Aqui também hoje chegam as revoluções políticas inspiradas no Cheguevara, onde um novo governo aplica a reforma administrativa e tenta mudar a realidade do povo que aqui reside. É bem fácil enxergar nos olhos do prefeito em um discurso sobre seus desejos para Juazeiro tornam-se sonhos na vida dele, pude perceber que desta vez, Juazeiro do Norte, elegeu um de seus filhos para cuidar do que é seu. E em meio a tanta evolução e revolução em Juazeiro, que em menos de 100 anos construiu uma terra de todas as crenças e louvores. Uma cidade que hoje é possível ver de tudo, inacreditavelmente, de tudo, mas ainda se vive nos tradicionas sítios e nas luxuosos restaurantes e clubes, é o contraste da metrópole no interior.
E por fim, uma frase que escutei ao passar pela rua Padre Cícero nos batentes da Basílica das Dores: "seu dotor puramor de Deus, de uma esmolinha a um romeiro que vem de longe, dos emaranhado da Alagoas, agradicer a bença arcançada pelo meu padim."
Thiago Aguiar
E tinha uma capelinha, onde costumava rezar missa um novo padre baixinho, de intensos olhos azuis e desde novo com esta postura meio de lado, a cabeça descaída de leve sobre o ombro esquerdo.Cícero Romão Batista o profeta em sua própria terra.E a partir das gentes que cada vez mais se chegavam por ali, vindas de todos os cantos, a partir do final do século 19, atraídas pela mística do Padre Ciço, nasceu Juazeiro do Norte, o município mais populoso do interior do Ceará e o melhor ponto de partida para se conhecer o Cariri, a região sul do estado.
Paisagem de encher os olhos para qualquer visitante, o Cariri compartilha a primeira floresta nacional do Brasil, a do Araripe, instituída por decreto em 1946.O Ibama local faz um trabalho de conscientização com a comunidade do entorno, que se beneficia dos produtos naturais deste bioma de transição entre caatinga, floresta úmida e cerrado, um tesouro que ocupa 38.262 hectares. Mas para o visitante interessado na cultura popular, as riquezas do Cariri podem ser ainda maiores.
Em épocsa de romarias, a cidade de Juazeiro do Norte se transforma. Um mar de gente se move pelas ruas convulsionadas e estreitas, de São Pedro a São Paulo, Santa Luzia, da Glória, da Conceição, e de Todos os Santos, a praça Padre Cícero, a igreja do Socorro, a matriz de Nossa Senhora das Dores.
Na pedra do Horto, o ponto mais alto da cidade, mulheres e homens sobem a escadaria e rodeiam a estátua branca do Padre Cícero, a batina de cal marcada pelos nomes dos visitantes, pelos pedidos e pelos agradecimentos às graças alcançadas, expressados em fitas amarradas na grade que cerca o monumento. E são tantas que o vento, ao passar por elas, cria uma estranha música que ora lembra a chuva caindo.
Daqui de cima se vê o emaranhado urbano que não tem mais para onde crescer, mas que mesmo assim se alonga emvárias recentes construções, altos edifícios, condomínios fechados e novos subúr-bios que logo mais vão se emendando ao Crato, divididos praticamente por uma gigante plantação de cana. Quando a tarde cai e a temperatura esfria, uma teia elétrica desenha o contorno das duas cidades, e o Luzeiro do Sertão "alumia" o deserto que ao seu redor prevalece. O Horto fica a seis quilômetros do centro da cidade, em estrada asfaltada ou em pedra tosca que cruz o proprio bairro do "Horto" que tem em sua maioria moradores de todo Brasil. Mesmo fora das temporadas – nas romarias da padroeira, Nossa Senhora das Dores, ou nas de Nossa Senhora das Candeias, de Todos os Santos, de Finados, no aniversário do Padre Cícero e também na data de sua morte –> Juazeiro recebe mais de 2 milhões de visitantes.
Há acomodações para todos os bolsos, simples ranchos para os que chegam nos caminhões pau-de-arara, hotéis confortáveis no centro e os luxuosos hoteis e pousadas nas encostas mais distantes no bairro da Lagoa Seca.
Aqui também hoje chegam as revoluções políticas inspiradas no Cheguevara, onde um novo governo aplica a reforma administrativa e tenta mudar a realidade do povo que aqui reside. É bem fácil enxergar nos olhos do prefeito em um discurso sobre seus desejos para Juazeiro tornam-se sonhos na vida dele, pude perceber que desta vez, Juazeiro do Norte, elegeu um de seus filhos para cuidar do que é seu. E em meio a tanta evolução e revolução em Juazeiro, que em menos de 100 anos construiu uma terra de todas as crenças e louvores. Uma cidade que hoje é possível ver de tudo, inacreditavelmente, de tudo, mas ainda se vive nos tradicionas sítios e nas luxuosos restaurantes e clubes, é o contraste da metrópole no interior.
E por fim, uma frase que escutei ao passar pela rua Padre Cícero nos batentes da Basílica das Dores: "seu dotor puramor de Deus, de uma esmolinha a um romeiro que vem de longe, dos emaranhado da Alagoas, agradicer a bença arcançada pelo meu padim."
Um comentário:
DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ: UM GENOCÍDIO ESQUECIDO PELOS LIVROS DE HISTÓRIA!
"As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão têm o direito inalienável ao resgate da Memória Histórica de sua luta e morte, e isto ninguém jamais poderá negar!"
Otoniel Ajala Dourado
No CEARÁ, para quem não sabe, houve também um crime idêntico ao do “Araguaia”, contudo em piores proporções, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará no ano de 1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato JOSÉ LOURENÇO, seguidor do padre Cícero Romão Batista.
A ação criminosa deu-se inicialmente através de bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como feras enlouquecidas, como se ao mesmo tempo, fossem juízes e algozes.
Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará foi de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO / CRIME CONTRA A HUMANIDADE é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira bem como pelos Acordos e Convenções internacionais, e por isso a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que sejam obrigados a informar a localização exata da COVA COLETIVA onde esconderam os corpos dos camponeses católicos assassinados na ação militar de 1937.
Vale lembrar que a Universidade Regional do Cariri – URCA, poderia utilizar sua tecnologia avançada e pessoal qualificado, para, através da Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa – PRPGP, do Grupo de Pesquisa Chapada do Araripe – GPCA e do Laboratório de Pesquisa Paleontológica – LPPU encontrar a cova coletiva, uma vez que pelas informações populares, ela estaria situada em algum lugar da MATA DOS CAVALOS, em cima da Serra do Araripe.
Frisa-se também que a Universidade Federal do Ceará – UFC, no início de 2009 enviou pessoal para auxiliar nas buscas dos restos dos corpos dos guerrilheiros mortos no ARAGUAIA, esquecendo-se de procurar na CHAPADA DO ARRARIPE, interior do Ceará, uma COVA COM 1000 camponeses.
Então qual seria a razão para que as autoridades não procurem a COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO? Seria descaso ou discriminação por serem “meros nordestinos católicos”?
Diante disto aproveitamos a oportunidade para pedir o apoio de todos os cidadãos de bem nessa luta, no sentido de divulgar o CRIME PERMANENTE praticado contra os habitantes do SÍTIO CALDEIRÃO, bem como, o direito das vítimas serem encontradas e enterradas com dignidade, para que não fiquem para sempre esquecidas em alguma cova coletiva na CHAPADA DO ARARIPE.
Para que as vítimas ou descendentes do massacre sejam beneficiadas pela ação, elas devem entrar em contato com a SOS DIREITOS HUMANOS para fornecerem por escrito e em vídeo seus depoimentos sobre o período em que participaram da comunidade do Caldeirão, sobre como escaparam da ação militar, e outros dados e informações relevantes sobre o evento.
Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – (85) 8613.1197 – (85) 8719.8794
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
www.sosdireitoshumanos.org.br
sosdireitoshumanos@ig.com.br
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