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“Hoje tem marmelada? Tem, sim senhor! Hoje tem goiabada? Tem sim, senhor! E o palhaço, o que é? É ladrão de mulher!”. O bordão já foi mais ouvido, porém o personagem que o repetia, cujo dia é comemorado hoje, ainda resiste. Estamos falando da figura do palhaço, que recupera, aos poucos, o espaço que ocupava. A constatação é de um artista do picadeiro, Hudi da Rocha Camargo, que nasceu “na barraca do circo”. Ouvido ontem pelo Mais Cruzeiro, ele é um dos mais antigos profissionais desse meio em atividade em Sorocaba.
Aos 70 anos, 65 dos quais, dedicados à prática de fazer rir, Hudi, que pertence à trupe do Circo Guaraciaba, participa, em Campinas, de um fórum promovido pela Associação das Famílias Circenses (Asfaci) que discute, justamente, o atual panorama da expressão artística. “É até oportuno que, no Dia do Palhaço, possamos falar sobre a retomada do circo. O evento para o qual fomos convidados, trata exatamente dos problemas que todos enfrentamos e das soluções que precisamos ver colocadas em prática”.
Hudi pisou pela primeira vez no palco, como palhaço, aos 5 anos de idade. Ele nem lembra o nome que usava, mas, desde então, não parou mais. Já no Guaraciaba, criou Fedegoso, o tipo caipira, ingênuo, que ganhava a plateia pela simplicidade.
Fedegoso não seguia exatamente o padrão “clown”, usava pouca pintura no rosto, mas proporcionou diversão a muitas crianças. Hudi diz que ser palhaço “é exercer o dom”. “É preciso ser engraçado naturalmente, ser jocoso, saber falar, usar os gestos, dar cambalhotas, cair com jeito, até para não se machucar”.
Hoje, não são tantos os que se orientam por esse jeito de atuar. Hudi diz que a arte circense mudou muito. “Temos exemplos de palhaços que usam efeitos especiais, fazem coisas que até assustam o público. Seria melhor, no entanto, fazer o simples, descomplicado”, ensina. Hoje, o circo sobrevive, em parte, do apoio de verbas alocadas por programas oficiais de apoio. “Os governos têm ajudado, mas ainda é pouco perto do que precisamos. Daí, a mobilização para preservar essa arte”.
Além dele, outros tipos famosos ajudaram a escrever a história do circo na cidade. O diretor da Biblioteca Infantil, José Rubens Incao, lembra que Sorocaba sempre teve forte vocação para o circo-teatro, aquele que valorizava a figura dos atores, dos cômicos. Ele destaca, entre outras, as figuras de Coxixo, Nhoc-Nhoc, Pirulito, Ordep, Aleixo, Remeleixo, Benjamim de Oliveira, o primeiro palhaço negro de que se tem notícia, e que mereceu uma crônica do escritor Sérgio Porto (Estanislaw Ponte Preta), Piolin, Arrelia, Torresmo e Carequinha, este último foi o intérprete de “O Bom Menino”, o hino que ensinou, no passado, muita gente a se comportar.
Dia do Palhaço
A origem do palhaço perde-se no tempo, mas é quase que certo que tenha surgido junto aos povos nômades (ciganos) há milhares de anos. Na China, por exemplo, pinturas de 5 mil anos mostram algumas figuras como acrobatas de roupa excêntrica. Por volta do ano 2.500 antes de Cristo, no Egito, a figura do bobo da corte já divertia os faraós. Provavelmente na Europa, aconteceu a fusão do bobo da corte com elementos do teatro.
A Comédia Dell’Arte, que nasceu na Itália, fez surgir a figura do palhaço com roupas largas, sapatos exageradamente grandes, máscaras divertidas e um jeitão atrapalhado. Já o Dia do Palhaço foi criado por uma companhia paulistana em 1981 e, ao longo do tempo, passou a ser festejado em diversas cidades do país. O objetivo é divulgar o trabalho desses artistas, cuja versatilidade vai além dos picadeiros e pode transformar os mais diversos ambientes.
Thiago Aguiar
“Hoje tem marmelada? Tem, sim senhor! Hoje tem goiabada? Tem sim, senhor! E o palhaço, o que é? É ladrão de mulher!”. O bordão já foi mais ouvido, porém o personagem que o repetia, cujo dia é comemorado hoje, ainda resiste. Estamos falando da figura do palhaço, que recupera, aos poucos, o espaço que ocupava. A constatação é de um artista do picadeiro, Hudi da Rocha Camargo, que nasceu “na barraca do circo”. Ouvido ontem pelo Mais Cruzeiro, ele é um dos mais antigos profissionais desse meio em atividade em Sorocaba.
Aos 70 anos, 65 dos quais, dedicados à prática de fazer rir, Hudi, que pertence à trupe do Circo Guaraciaba, participa, em Campinas, de um fórum promovido pela Associação das Famílias Circenses (Asfaci) que discute, justamente, o atual panorama da expressão artística. “É até oportuno que, no Dia do Palhaço, possamos falar sobre a retomada do circo. O evento para o qual fomos convidados, trata exatamente dos problemas que todos enfrentamos e das soluções que precisamos ver colocadas em prática”.
Hudi pisou pela primeira vez no palco, como palhaço, aos 5 anos de idade. Ele nem lembra o nome que usava, mas, desde então, não parou mais. Já no Guaraciaba, criou Fedegoso, o tipo caipira, ingênuo, que ganhava a plateia pela simplicidade.
Fedegoso não seguia exatamente o padrão “clown”, usava pouca pintura no rosto, mas proporcionou diversão a muitas crianças. Hudi diz que ser palhaço “é exercer o dom”. “É preciso ser engraçado naturalmente, ser jocoso, saber falar, usar os gestos, dar cambalhotas, cair com jeito, até para não se machucar”.
Hoje, não são tantos os que se orientam por esse jeito de atuar. Hudi diz que a arte circense mudou muito. “Temos exemplos de palhaços que usam efeitos especiais, fazem coisas que até assustam o público. Seria melhor, no entanto, fazer o simples, descomplicado”, ensina. Hoje, o circo sobrevive, em parte, do apoio de verbas alocadas por programas oficiais de apoio. “Os governos têm ajudado, mas ainda é pouco perto do que precisamos. Daí, a mobilização para preservar essa arte”.
Além dele, outros tipos famosos ajudaram a escrever a história do circo na cidade. O diretor da Biblioteca Infantil, José Rubens Incao, lembra que Sorocaba sempre teve forte vocação para o circo-teatro, aquele que valorizava a figura dos atores, dos cômicos. Ele destaca, entre outras, as figuras de Coxixo, Nhoc-Nhoc, Pirulito, Ordep, Aleixo, Remeleixo, Benjamim de Oliveira, o primeiro palhaço negro de que se tem notícia, e que mereceu uma crônica do escritor Sérgio Porto (Estanislaw Ponte Preta), Piolin, Arrelia, Torresmo e Carequinha, este último foi o intérprete de “O Bom Menino”, o hino que ensinou, no passado, muita gente a se comportar.
Dia do Palhaço
A origem do palhaço perde-se no tempo, mas é quase que certo que tenha surgido junto aos povos nômades (ciganos) há milhares de anos. Na China, por exemplo, pinturas de 5 mil anos mostram algumas figuras como acrobatas de roupa excêntrica. Por volta do ano 2.500 antes de Cristo, no Egito, a figura do bobo da corte já divertia os faraós. Provavelmente na Europa, aconteceu a fusão do bobo da corte com elementos do teatro.
A Comédia Dell’Arte, que nasceu na Itália, fez surgir a figura do palhaço com roupas largas, sapatos exageradamente grandes, máscaras divertidas e um jeitão atrapalhado. Já o Dia do Palhaço foi criado por uma companhia paulistana em 1981 e, ao longo do tempo, passou a ser festejado em diversas cidades do país. O objetivo é divulgar o trabalho desses artistas, cuja versatilidade vai além dos picadeiros e pode transformar os mais diversos ambientes.
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